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Edson Milton Ribeiro Paes.
"Eterno Aprendiz"
Textos
“INTERLAGOS NÃO PODE MORRER”
 
 
Seria um paradoxo, talvez sim talvez não.
Prostrado em seu leito, antes de vida pungente, dinâmica, triunfal eu diria, hoje a espera que se desliguem os aparelhos que o mantem vivo talvez esperando a morte.
Assim como seu primo mais novo de nome estranho foi cruelmente assassinado a beira do mar na cidade maravilhosa. Seu corpo jaz em estado de decomposição irreversivelmente eliminado.
Há salvação com certeza, mas aqueles que desejam sua morte já são maioria.
No leito de morte ele se debate a procura de uma lufada de oxigênio a mais que o possibilite respirar sem estes malditos aparelhos que o mantem internado, enclausurado em uma UTI suja, abandonado aos interesses diversos que não são a sua total cura.
Um outro primo seu agoniza no corredor da morte sem nunca ter cometido qualquer crime se não o regozijo de quem se deliciou ao conhece-lo.
Mas ele resiste, inimigos o vilipendiam anualmente.
É explorado como a um animal de tração, sentenciado a gerar lucros de todas as formas.
Seus inimigos sabem que devem antes de mata-lo, matar sua ilibada e rica historia para que possam justificar também a sua morte.
Estou falando de Interlagos, o nosso Templo onde um dia ousamos a nós mesmos desafiar, onde enfrentamos todos os nossos medos, onde derrotamos nossos fantasmas.
Onde disputamos curvas imaginarias ou não, onde desafiamos as leis da gravidade e da logica, onde em frações de segundo aprendemos a nos completar como seres dinâmicos que somos.
Não aceito que se mate uma parte de mim, uma parte melhor do meu eu.
Sei que meu grito encontra eco e através deste eco estrondoso que reverbera da largada até a chegada, passando pelo esse do Senna, retão, descida do lago, laranjinha, essinho, bico de pato, mergulho, junção e subindo o café esse eco traz nomes que jamais poderão ser sepultados com escombros provindos daquele chão que centenas de pessoas reais, pessoas que de alguma maneira escreveram e escrevem a historia deste Patrimônio Brasileiro.
Eu convoco nossos ídolos e companheiros ascencionados ou não, José Carlos Pace, Ayrton Senna, Luizinho Pereira Bueno, Chico Landi, Marivaldo Fernades, Antonio Carlos Avalonne, Antonio Castro Prado,Adu Celso, Camilo Cristoforo Cezar “Bocão” Pegoraro, Amadeu Rodrigues, Amadeu Fernandes, Chico Lameirão, Bird Clemente, Ingo Hofmann, Paulo Gomes, Arthur Bragantini,Pedro Mufatto, Ricardo Mallio Mansur, Claudio Cavalinni, Orlando Lovechio, Edimir Fernandes, Claudio Dudus, Hamilton Vloso Prado, Benedito Gianetti , Airton Favoretto, Celso Lara Barberis, são milhares de nomes e com certeza não há espaço para mencionar fisicamente a todos, mas com certeza eu peço a energia de todos para que se salve nosso Templo.
Convoco também aqueles que tombaram dentro do Templo:
Milton Zapia em 1947
Djalma Pessolato em 1957
Fernando Mafra Moreira em 1962
Celso Lara Barberis em 1963
Dinho Bonotti em 1963
Américo Gioffi em 1964
José Almemida Santos em 1973
Paulo Rosito Filho em 1981
Zeko Gregurinic em 1985
Valdir del Grego em 1987
Rafael Sperafico em 2007
João Lisboa em 2011
Gustavo Sondermann em 2011
Paulo Kunze em 2011

 
Que literal e fisicamente deram seu sangue por, e em Interlagos, vamos salvar nossa historia.
Sei que muitos, principalmente os nomes que citei, não dependem de Interlagos para serem lembrados, muitos brilharam inclusive em outros continentes, mas assim como eu, um amante anônimo, tem muita gente que andou em cada metro daquele asfalto e ajudou a escrever sua historia mesmo sem assinaturas.
Não creio que pessoas sem conhecimento do quão importante para cada um é cada palmo, cada curva, cada bolinha de brita, cada pedaço de zebra, cada guard-rail, possa vir a assassina-lo com requintes de crueldade para com toda rica historia de Interlagos.
Mesmo as historias que não foram escritas, elas existem dentro de cada um de nós, do quão fomos e somos felizes em Interlagos, espero profundamente que em algum momento alguém com sensibilidade suficiente faça com que seja preservada a memoria de cada Piloto, mecânico, ajudantes, fotógrafos, Repórteres, Jornalistas, Guincheiros, Pedreiros, Pintores, eletricistas, enfim todos que um dia pisaram em Interlagos!!!
EDSON MILTON RIBEIRO PAES
Enviado por EDSON MILTON RIBEIRO PAES em 11/11/2015
Alterado em 11/11/2015
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